Ecumenismo

Maquete da House of One, o “templo ecumênico”.

Um esforço legítimo pela paz?

Em 2014 foi noticiada a construção de um templo em Berlim, na Alemanha, com o objetivo de “unir as religiões”. O projeto prevê um único prédio com interligações em sua estrutura física, o que facilitaria o trânsito de pessoas entre uma igreja, uma mesquita e uma sinagoga. Um telejornal brasileiro voltou a falar do assunto em uma de suas últimas edições – na ocasião, um dos comentaristas, o filósofo e historiador Leandro Karnal dá sua opinião sobre o assunto – ele afirma ser impossível a prática do ecumenismo, uma vez que o mesmo não faz sentido – o vídeo já está no ponto (28min 18seg):

Karnal também diz que há muita perseguição contra cristãos em várias partes do mundo – o que não é novidade para ninguém – só os intelectualmente desonestos, os ignorantes, e aqueles que não gostam de cristãos, hão de discordar. Infelizmente, grande parte (a maior parte) dessa perseguição vem de religiões que declaram abertamente seu ódio contra toda e qualquer religião diferente. Todos sabem quem são os verdadeiros propagadores do ódio, não só contra cristãos, como também a grupos menores como os homossexuais. Os fatos estão aí, para quem quiser ver.

Também não se pode negar a perseguição que vem de grande parte dos ateus, especialmente em países de regime socialista/comunista, como bem observa o comentarista. E a perseguição em democracias, será que não existe? Sim, existe. Um dos episódios mais tristes e absurdos ocorreu durante o natal de 2015, nos Estados Unidos, quando uma escola promoveu uma peça teatral infantil inspirada nos clássicos personagens Charlie Brown e Snoopy. A peça incluía a narrativa bíblica do nascimento de Jesus segundo o Evangelho de Lucas; a militância ateísta e anti-cristã não gostou e a diretoria decidiu banir esse trecho da peça, causando revolta nos pais e mães dos alunos (saiba mais clicando aqui). E o recente caso do judoca egípco (adepto do salafismo) que se recusou a cumprimentar o israelense nos jogos do Rio? Leia este artigo e entenda.

Muitos fecham os olhos propositadamente e não dão o braço a torcer para o fato de que o cristianismo nunca defendeu a violência (seja verbal ou física) para alcançar seus objetivos, aliás, uma das máximas da fé cristã é o lema “nada façam por força ou por violência”. A cegueira é tão grande, que há quem ouse culpar os cristãos em casos como o do recente massacre ocorrido em Orlando, nos Estados Unidos – para entender a questão, leia este artigo.

Há ainda os que apelam para a Inquisição Católica e a Ordem de Cristo, citando-os como exemplos do uso de violência por parte de cristãos, e por causa dessas atrocidades do passado, os cristãos estariam agora “pagando o preço”. O problema desse argumento é que tais iniciativas nunca foram cristãs no sentido pleno da palavra, antes estavam totalmente influenciadas pelo governo de suas épocas. A história mostra que todas as vezes em que a união igreja-estado aconteceu, o resultado foi desastroso, trazendo malefícios tanto para a igreja como para a sociedade. A mensagem do Evangelho, a mensagem cristã original, absorvida e vivida pelos cristãos evangélicos (tentamos vivê-la, ninguém é perfeito, nem mesmo os primeiros cristãos eram) não traz em seu bojo de ensinamentos nenhum incentivo à violência, como bem observa o filósofo Mario Sergio Cortella aos 51min 10seg (o vídeo já está no ponto):

Parece mentira, mas até o mais conhecido dos ateus chegou à essa conclusão, como nos mostra o artigo de Valmir Nascimento.

Não preciso fazer um apanhado dos últimos acontecimentos envolvendo violência contra cristãos, os fatos estão aí, para quem quiser ver. Diante do exposto (e por muitas outras razões), como cristão evangélico, não acredito no ecumenismo, pois não é sensato admitir que toda religião é igual. Se são iguais, porque há tantas? Isso cria uma ideia de que todas são boas ou que todas são ruins, o que não é verdade – há muita intolerância por parte de religiões, por parte de ateus e por parte de muitas ideologias.

O pastor Hernandes Dias Lopes fala um pouco sobre o tema:

Em 2014 o então vereador Valter Nagelstein esclareceu alguns pontos sobre o ódio antissemita promovido por religiões e ideologias:

Concluo dizendo que o ecumenismo não passa de um esforço infantil no afã de promover a paz entre as pessoas. É infantil porque sugere que vai amenizar o problema da violência, quando a raiz da violência, na verdade, não são as disputas religiosas, que sempre existiram ao longo da história, e se é fato que existe uma “guerra santa”, é também fato que esta guerra jamais teve uma origem judaico-cristã. Devemos continuar respeitando as diversas crenças, filosofias e ideologias, mas não podemos andar de mãos dadas com nenhuma delas. Não há nada escondido. Todos sabem quais são os princípios e valores defendidos por um cristão genuíno. Os fatos estão aí, para quem quiser ver.

19 Então o sumo sacerdote passou a interrogar Jesus acerca dos seus discípulos e de seu ensino. 20 Jesus lhe respondeu: Eu falei abertamente ao mundo; sempre ensinei nas sinagogas e no templo, onde todos os judeus se congregam. Nada falei em oculto. 21 Por que me interrogas? Pergunta aos que me ouviram o que lhes falei. Eles sabem o que eu disse. 22 Tendo dito isso, um dos guardas que ali estavam deu uma bofetada em Jesus, dizendo: É assim que respondes ao sumo sacerdote? 23 Jesus lhe respondeu: Se falei mal, mostra esse mal; mas se falei o que é correto, por que me agrides? (João 18.19–23 – Almeida Século 21)

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